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Queria, em primeiro lugar, pedir desculpa a todos os leitores que ao longo de um mês vieram visitar este blogue para esbarrarem invariavelmente na musculatura de Gustavo Santos. É uma coisa que não se faz.
É que eu e a Teresa estamos em pleno processo de divórcio, e não tem sido nada fácil gerir este momento atribulado das nossas vidas...
Ná.
Estou a gozar.
A excelentíssima esposa continua a achar-me um tipo espectacularmente encantador e eu não a trocava pelos meses todos do Calendário Pirelli 2015.
O meu problema, como tratei de explicar em Dezembro, é que tenho estado a trabalhar no desenvolvimento de um novo projecto que me leva todo o tempo livre - aquele tempo livre que durante um ano e qualquer coisa me permitiu postar diariamente. Parte desse projecto já pode ser visto aqui. Trata-se da nova secção de Lifestyle do Observador. Nela há uma subsecção dedicada à família, que ainda está muito magrinha, mas que deverá ganhar corpo em breve. Espero que vão passando por lá.
Ao mesmo tempo, a Teresa regressou ao IPO, o que exige uma mega-dedicação e horários imprevisíveis, como imaginam. Eu fico muito feliz por ela, porque sempre achei que é esse o lugar onde pode ser mais útil aos outros, mas a gestão do seu tempo tornou-se ainda mais complicada.
Mais uma vez: isso não significa que estejamos a pensar abandonar o PD4, ok? Simplesmente, ele há-de ir vivendo das parvoíces que os nossos filhos vão fazendo, dos momentos que nos proporcionam e que nós achamos que vale a pena recordar, ou de uma ou outra meditação ocasional.
Não prometo regularidade. Mas, mesmo semi-comatoso, o coração do PD4 continua a bater.
Ontem houve uma explosão de visitas e de comentários aqui no nosso semi-comatoso PD4, graças ao espectacular e sempre inesquecível Gustavo Santos, que se lembrou de colocar no seu Facebook uma comovente reflexão sobre os atentados no Charlie Hebdo, que deixou milhares de pessoas a esfregarem os olhos e a pensar: "não é possível... ele disse mesmo aquilo?"
Ele disse.
Deixo só um cheirinho da profundidade do seu pensamento:
Que uns sejam apanhados e severamente julgados pelo que fizeram e que outros, os que tiveram sorte e ficaram, assim como tantos outros que fazem carreiras a ridicularizar a verdade de quem não conhecem de lado nenhum, aprendam alguma coisa com isto! Opinar sim, questionar também, agora gozar sistematicamente com convicções alheias é que me parece despropositado.
A sensibilidade! A argúcia! A elegância argumentativa! O amor à liberdade de expressão! A paixão pelos valores da civilização ocidental! O que dizer? É Gustavo Santos no seu melhor.
E, de facto, há que admitir que se trata de uma reflexão coerente com a sua escola de pensamento: se eu sou a pessoa mais importante do mundo, se "o amor da minha vida sou eu, ponto final, parágrafo", não há qualquer justificação para levar um tiro na tola, na medida em que falecer é uma coisa que dificulta imenso continuar a amar-me. Donde, convém manter o biquinho bem calado em qualquer situação mais desagradável, não vá algo de mal acontecer-nos, impossibilitando-nos de continuar a acariciar o nosso umbigo e a modelar os nossos glúteos. Está certo, Gustavo.
Infelizmente, houve quem achasse isto simplesmente imbecil, e aproveitasse para linkar este meu texto de Julho sobre Gustavo Santos, que se mantém inacreditavelmente actual - o que me deixou muito satisfeito e me fez amar-me mais um bocadinho. Obrigado, Gustavo.
E graças a isso, o PD4 tive direito a:
1. Um post vergonhosamente generoso no enorme Malomil (se alguém quiser saber porque lhe chamo o melhor blogue português, leia a maravilhosa entrada Portugal Protocolo).
2. Alguns leitores a perguntarem se afinal o PD4 se tinha sumido de vez.
Esse leitores têm toda a razão no seu protesto. Eu avisei que a frequência dos posts iria diminuir, mas não era para desaparecermos em combate durante semanas. O problema é que me enfiei num novo desafio (como diria Gustavo Santos) que me está a levar muito mais tempo do que estava à espera e não tenho tido um segundo para o PD4.
Mas não desesperem: nós continuamos todos vivos e de boa saúde. E prometemos ir voltando, sem nos comprometermos com dias certos.
De qualquer forma, não queria deixar de agradecer ao Gustavo ter-me obrigado a vir aqui fazer uma prova de vida. És o maior, pá. Enfim... peço desculpa. És o segundo maior - já me esquecia que o maior tenho de ser eu. Mas tu vens logo, logo atrás.
Boa tarde!
Devo dizer que acordei com alguns problemas de consciência: é possível que o meu post de ontem tenha soado demasiado trágico. Ao ler a caixa de comentários, fiquei a achar que um cacharolete de gente entendeu o meu aviso de que vou passar a escrever com menos regularidade como um pré-anúncio de falecimento. Não, não, não. A ideia não é matar o PD4, ok?
Uma das minhas familiares favoritas até me mandou um sms comovente:
Queria dizer-te que também eu fiquei muito triste com a tua resolução. Embora não comentasse, era leitora assídua do PD4. Agora falta-me qualquer coisa para preencher as minhas tardes.
Bolas, fui logo a correr para o computador - portanto, nem que seja para manter informadas as pessoas de quem gostamos, e que estão longe, sobre os andamentos da nossa família, a malta manter-se-á por aqui.
Vai ser menos vezes, mas esperemos que continue, de cada vez, a ser muito bom para ambas as partes - tal como a vida sexual das pessoas casadas.
E agora, já de seguida, um post sobre axilas pintadas.
Na última sexta-feira saiu uma reportagem na Tabu (a revista do jornal Sol) sobre o mundo dos bloggers, e eu estava todo entretido a lê-la, porque:
1) na capa estava a Ana Garcia Martins, aka Pipoca Mais Doce, e eu e a AGM trabalhámos muito juntinhos durante uns belos anos na Time Out;
2) queria ver se aprendia alguma coisa;
e eis que, de repente, surprise, surprise, descubro-me a mim e à minha excelentíssima esposa referenciados numa frase perdida lá pelo meio do texto. Dizia assim:
O Pais de Quatro, assinado pelo jornalista João Miguel Tavares e pela mulher Teresa Mendonça, é o 8.º blogue de maior sucesso no Sapo.
E eu: what? A sério?
Parece que sim.
Tendo em conta que eu não fazia a menor ideia disso, até porque as nossas 7500-8000 visitas diárias estão muito, muito longe das 40 mil da Pipoca, resta-me apenas fazer aquela figura do gajo que ganha um prémio sem estar à espera, e que por isso se sente na obrigação de agradecer imenso aos leitores (muitos, ao que parece) que por aqui passam.
Como é que se diz? Ah, sim: este prémio é para vocês.
Eh pá, eu estou a sentir-me como um gajo que faz greve ao trabalho só para descobrir que o patrão, afinal, já voou há um mês para as Bahamas. Não há ninguém na fábrica. O que significa que isto assim não é lá muito eficaz.
Provavelmente, a banda sonora que eu deveria ter escolhido ontem era esta:
Donde, o que eu vou fazer já a seguir, só para me vingar, é escrever um post extremamente aborrecido. Preparem-se.
Eu confesso: o patronato não sabe que estou em greve. Eu não contei nada à excelentíssima esposa. Ando calado que nem um rato.
E, pelos vistos, os leitores que achavam que o PD4 estava a ficar um bocado enjoativo ultimamente tinham toda a razão: a minha família e a família dela devem ter desertado há bastante tempo do blogue. Deixaram de cá vir. Porque eles gostam de saber notícias dos netinhos e das suas traquinices, mas não têm grande pachorra, vá lá saber-se porquê, para as minhas elucubrações existenciais.
Donde, só nós é que sabemos que o PD4 está em greve. Eles não sabem. Ela não sabe. E ninguém lhe diz.
Por isso, tendo em conta a escandalosa dimensão do meu abandono, e à falta de uma boa tragédia shakespeariana sobre o tema, acho que isto merece uma canção da Ágata. É só escutar e substituir mentalmente "crianças" por "maridos". O que, a bem dizer, é todo o meu projecto de vida desde que comecei a escrever sobre a família - sem sucesso, como se vê.
Ah, e a greve continua, claro.
A Conceição M. acaba de acronomizar o Pais de Quatro. Escreveu ela num comentário:
Depois de, no final do expediente, ter vindo dar uma "espreitadela" ao PD4...
À primeira pensei: "dar uma espreitadela onde?" E só depois cheguei lá: "Ah, ao PD4!" Nunca ninguém nos tinha chamado PD4. Que fofinho.
Adorei. Dá um certo ar de intimidade, tipo nick name que só os amigos conhecem, e ainda por cima parece um robô da Guerra das Estrelas. E como se sabe, toda a gente cá em casa adora a Guerra das Estrelas.
PD4 seja, então. Fica baptizado e devidamente abreviado a partir daqui. E a Conceição M., mesmo que voluntariada à força, passa a madrinha deste blogue.