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Ontem, enquanto recolhia a loiça depois do jantar, deparei-me com uns estranhos apêndices na mesa da cozinha.
Ainda pensei que o João se tivesse lembrado de instalar ali uns novos botões para comandar a televisão ou o leitor de CDs, mas vendo mais de perto percebi que não se pareciam com um dispositivo electrónico.
Será que a mesa tinha começado a padecer de politelia (presença de mamilos supranumerários) ou de uma apresentação de acne severo?
Nada disso. Dada a estranha patologia da mesa ter surgido precisamente no lugar onde o Gui se havia sentado, um olhar mais atento desvendou o segredo:
a ementa do jantar foi polvo e o artista cá de casa resolveu usar as ventosas dos braços do bicho para ornamentar a nossa mesa, na qual terá detectado um défice de criatividade.
Não admira que durante a refeição o pai se tenha zangado várias vezes com ele por estar a mexer com as mãos na comida. Muito caladinho, nunca se descoseu. Afinal, o Gui não estava apenas a portar-se mal - estava a criar. Confesso que tive pena de desmanchar um trabalho tão imaginativo, mas tendo em conta que já havia uma mistura de azeite e molusco a escorrer pela mesa, achei que a higiene tinha de se sobrepor à criação.
A boa notícia é que se confirma que temos um artista em potência cá em casa. Um artista pouco asseado, mas um artista ainda assim.