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Descobrir experiências na natureza para um casal com quatro filhos pequenos que vive no centro de Lisboa, sem gastar muito dinheiro e permitindo conhecer o nosso país, não tem sido pêra doce.
Começando logo pela falta de fins-de-semana disponíveis, a difícil tarefa de afastar o excelentíssimo pai de perto dos seus livros e computador e esbarrando constantemente na questão monetária, poucas têm sido as aventuras que temos conseguido fazer. Vamo-nos consolando com a inesgotável Sintra ou com Monsanto para umas escapadinhas pontuais, já que o pai da casa acha detestáveis zonas em que abundem areia, sol e mar.
Sempre a chatice da areia que se entranha nos livros (como se houvesse tempo para ler numa praia com quatro crianças pequenas à solta) e o creme protector que engordura as mãos. As praias deviam ser feitas de sofás confortáveis à beira-mar e devia haver um massagista por pessoa para espalhar o creme e fazer uma massagem de relaxamento, e mais um outro que tratasse das crianças para que estas estivessem quietas a maior parte do tempo.
Mas no último fim-de-semana conseguimos fugir aos entraves habituais e a família inteira adorou a experiência. Conseguir uma casa onde caiba toda a família confortável e economicamente (comparando com os preços a que o contexto económico actual já nos habituou), no meio da natureza e perto de sítios fantásticos para descobrir, foi uma grande surpresa para todos.
Como a metereologia não nos foi muito favorável no sábado, resolvemos aproveitar actividades indoor ou "perto de door". O resort da Praia d'El Rey tem um simpático Club Aventura que disponibiliza muitas actividades para miúdos e graúdos (surf, kitesurf, equitação, observação de aves, canoagem, BTT, mergulho), mas é preciso marcação com 24 horas de antecedência, pelo que não conseguimos participar nesses programas. Aproveitámos o recinto do Club para um bom jogo de matraquilhos e a Ritinha deleitou-se com os Nenucos e seus acessórios que estavam mesmo à espera dela para comer a papinha.
Mas, mesmo sem marcação, conseguimos aproveitar para aprender a fazer tiro com arco, experiência inesperadamente adorada por todos. É caro - 10 euros por pessoa por uma hora de actividade - mas valeu a pena. O golfe também estava disponível, mas, aí sim, os preços roçam o proibitivo: mesmo em grupo, uma hora ficava a 24 euros por cabeça. É mesmo um desporto para gente rica.
De qualquer forma, é sempre necessário aventurarmo-nos para descobrir novos dons dentro de nós - e o tiro com arco serviu perfeitamente para esse efeito. Por mim, acho que se tivesse menos 30 anos, teria algum futuro.
Não é todos os dias.
Chegou agora a altura de explicar as nossas fotos de fim-de-semana. Quando eu e a Teresa decidimos criar o Pais de Quatro, tínhamos várias ideias magicadas que nunca se chegaram a concretizar. Originalmente, este blogue não era suposto ser dominado pelas ruminações existenciais do papá. Queríamos que ele tivesse uma dimensão forte de consumo, onde às tais ruminações se viesse juntar sugestões de roupa para putos, gadgets, alguma cultura, actividades para miúdos, escapadelas, passatempos (ainda fizemos dois ou três, no início), enfim, os temas importantes da existência misturados com assuntos mais light - no PD4, tal como na vida.
Mas em boa parte por causa da blogger intermitente, isso nunca veio a acontecer. E portanto sugerimos sempre menos do que gostaríamos e viajámos menos do que devíamos. Nós vamos recebendo sugestões de marcas e empresas no nosso blogue, mas não encontrámos ainda uma forma eficaz de gerir isso. Talvez um dia. Mas como o empenho de certas pessoas compensa, os vários mails do Ricardo Silva - também ele pai de quatro, e portanto há aqui uma certa solidariedade -, e a sua impecável argumentação child friendly, convenceram-nos a ir passar um fim-de-semana ao Praia d'El Rey Beach & Golf Resort.
O Ricardo tem uma empresa chamada West Holidays, que gere cerca de duas dezenas de apartamentos e vivendas no resort da Praia d'El Rey (mais informações através deste mail), local que eu e a Teresa já conhecíamos por termos ido algumas vezes, por razões profissionais, ao hotel Marriott. Mas nunca lá tínhamos ficado um fim-de-semana com os miúdos, nem nunca tínhamos pensado em ficar, sobretudo por causa das questões de $$$$, já que se trata de um resort de cinco estrelas e nós somos, como vocês sabem e se vê na ilustração em cima, seis alminhas. E nestas coisas de sair de casa, as famílias numerosas lixam-se à grande, como é evidente.
Hoje em dia, se formos para um hotel, precisamos sempre de alugar dois quartos contíguos, o que é uma pipa de massa. Na nossa última ida a Paris, acabámos por recorrer pela primeira vez à Airbnb, e acho que daqui para a frente, sempre que viajarmos para o estrangeiro, terá de ser essa a opção. Mas o problema também se coloca em Portugal: como sair de casa com quatro miúdos para um sítio fixe - e a minha definição de sítio fixe é esta: não ficar alojado num sítio pior do que aquele que tenho em casa - sem ser por preços proibitivos.
Ora, daquilo que é a minha experiência a viajar com os putos pelo país (e já vamos tendo alguma), a relação qualidade/preço que a West Holidays está a oferecer na Praia d'El Rey (ali entre Peniche e Óbidos) não é nada fácil de encontrar - e foi isso que, em última análise, nos fez ir lá verificar a oferta. Um T2, onde a nossa família se teria encaixado muito bem (o Ricardo, certamente para fazer charme, disponibilizou-nos um T3, mas tendo em conta que a Rita ainda dorme num berço, ficou uma cama vazia, tal como vazio ficou o sofá da sala) custa 49 euros de Outubro a Fevereiro, 60 euros de Março a Junho e em Setembro e 108 euros em Julho e Agosto. Sobretudo aqueles 60 euros na Primavera e em parte do Verão têm tudo para fazer de mim cliente num daqueles fins-de-semana em que o pessoal está desesperadamente a precisar de desanuviar, sobretudo porque estamos a falar de um local que fica a cerca de 80 quilómetros de Lisboa.
Os T3 já são mais caros: 98 euros na época baixa, 127 euros na época média e 150 euros na época alta. Mas lá está - no nosso apartamento cabiam perfeitamente oito pessoas, havia duas casas de banho, e portanto é ideal para partilhar com um casal de amigos. Por aquilo que me informou a sempre solícita Daniela, que nos fez o acolhimento, muitos dos T2 também têm duas casas de banho. O nosso apartamento estava equipado com leitor de DVD e aparelhagem, e a sala dava directamente para um jardim traseiro, onde existia uma grande piscina com água aquecida (não aquecida no sentido de jacuzzi, mas aquecida no sentido de tépido).
A nossa sala, numa falhadíssima tentativa minha de foto de revista de decoração
A parte de trás do apartamento, com três criancinhas ao fundo
A piscina semi-aquecida, que deu para tomar um bom banho numa fria tarde de Julho
Outra vantagem: existe um piquete no resort que permite resolver problemas no apartamento. À nossa chegada o esquentador estava com problemas e a água não aquecia. Já começava a imaginar um fim-de-semana de duches frios, como nos velhos parques de campismo. Mas não: foi possível substituir um sensor e o problema resolveu-se em 20 minutos.
Quanto ao resto, que é aquilo que os miúdos irão levar na memória - as várias actividades que se podem fazer no resort e arredores, para além do golfe proporiamente dito -, a excelentíssima esposa ficou de escrever todos os detalhes num futuro post, colocando assim fim à sua vergonhosa ausência deste blogue.
A única coisa que posso dizer agora é que ontem foi um daqueles dias que os Mendonça Tavares não esquecerão tão depressa. E ele foi passado aqui:
Bom, o Diogo Afonso percebe mesmo muito disto. Estamos realmente na zona da Praia d'El Rey, e no início da próxima semana explicaremos como viemos aqui parar.
O Sol tem andado fugido, mas ontem à noite tivemos um daqueles fins de dia inesquecíveis junto à Lagoa de Óbidos: umas maravilhosas amêijoas à bolhão pato vindas da lagoa ao jantar, seguidas de passeio em família pela praia às nove e meia da noite.
Chiça, nós vivemos num país realmente incrível - e esquecemo-nos disso demasiadas vezes.