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O Observador fez uma curiosa notícia sobre um estudo da YouGov dedicado a averiguar a evolução das relações ao longo do tempo e a persistência de coisas como borboletas na barriga ou, mais simplesmente, a presença da palavra "amo-te" na vida dos casais.
Este estudo já me obrigou a uma autocrítica maoísta, no sentido em que me senti tristemente estatístico: também eu, ao fim de 12 anos de casamento e 22 anos de relação, digo menos vezes "amo-te" à excelentíssima esposa do que deveria. Queria ser mais vermelhão do que rosa-azulado (é ver o gráfico em baixo).
Podemos sempre ver as coisas pela positiva, claro: deixamos de o dizer tantas vezes porque a outra parte deixa de duvidar. Mas, infelizmente, acho que isto é só uma desculpa. Fica prometido: nos próximos tempos vou esforçar-me um pouco mais para regressar às cores quentes.
O jornal The Independent publica hoje um estudo (soube dele via Observador, que tem vindo a dar - e bem - muita atenção a estas coisas da família e das relações) que demonstra que, a partir dos anos 90, os casamentos têm tendência para serem mais sólidos se homem e mulher tiverem o mesmo nível de educação.
Não era assim nos anos 50, em que o homem casava abaixo das suas habilitações - afinal, era o tempo em que eles preferiam as loiras. As loiras baixavam a bolinha, conformavam-se ao seu papel de fadas do lar, e os casamentos duravam e duravam. A partir dos anos 60 tudo isto implodiu, e pelos vistos foram precisas três décadas para os casais conseguirem assimilar um posicionamento igualitário dentro de casa.
Só que igualdade com igualdade se paga - e aqueles contos de fada do príncipe que descobria uma qualquer Cinderela infeliz e poeirenta tornaram-se mais complicados. Infelizmente, eles já não vivem felizes para sempre: o príncipe do século XXI não tem pachorra para uma Cinderela pouco letrada.
O título do artigo do The Independent é: "Gentlemen prefer brains: similarly educated couples last". Mas a questão não é só dos "brains" - é que a educação e o "upbringing" têm um efeito poderosíssimo em relações não-hierarquizadas, como é suposto serem as actuais. Se ela é professora universitária e ele tem a quarta classe, a vida nunca será fácil. É pouco romântico, mas é mesmo assim.