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Obrigado, Sónia #2

por João Miguel Tavares, em 14.06.14

A Sónia diz que não preciso de agradecer, mas eu agradeço na mesma. Obrigado, Sónia - mais um excelente argumento para me manter dog free.

 

E sobre o Assunto Cão, vale a pena trazer para aqui este óptimo testemunho da leitora Ana Leal:

 

Olá, João! Veja este post como uma modesta retribuição em relação àquilo que acaba por me, nos, dar, todos os dias com este seu, vosso, maravilhoso blogue.

 
Eu cedi à vontade dos meus filhos, e à minha própria, de comprar um cão. Soube fintar a parte do cão adotado, porque li bastante sobre o assunto e [acerca de certos] riscos como não saber de que tamanho o cão se tornaria, que tipo de doenças hereditárias, que as há bem complicadas, e que temperamento podia ter. Eram riscos que queria minimizar com três crianças em casa, ainda por cima com uma com dois anos.

 

Comprámos um cão de uma raça tida como boa para crianças (Golden Retriever), de um excelente criador, estudadíssimo. O cão, que agora tem 18 meses e pesa 40 kg, é não só lindo de morrer, como super meigo e paciente com as crianças, muito "inteligente", e tirando uma ou outra diarreia ainda não teve nenhum problema de saúde. E nós moramos numa vivenda e temos jardim e uma pessoa em casa praticamente o dia todo... e mesmo assim eu estou um bocado arrependida.

 

Porquê? Porque: ele acorda às 6 horas da manhã TODOS os dias, e ladra até alguém acordar (eu) e lhe abrir a porta de casa para ir à rua, e depois quer companhia, e porque é também ele criança quer brincar, e agora além da pressão que tenho para educar 3 crianças tenho ainda que educar o cão. E como me farto de ler, sei que temos de estimulá-lo mentalmente, para ele ser um cão obediente e equilibrado e temos de dar passeios grandes, dos quais ele vem invariavelmente todo sujo (para já não falar na dificuldade que foi ensiná-lo a não puxar a trela - que ainda puxa um bocado) e depois para lhe dar banho fico eu toda encharcada dos pés à cabeça.

 

E as crianças? As crianças no primeiro dia em que ele veio para casa gostaram muito, mas depois ele não fazia o que eles queriam (e os cachorros mordiscam imenso e é necessário ensiná-los a não fazer isso - tem até um nome: inibição de mordida em cachorros), e portanto nos meses seguintes deixaram de lhe achar graça até alguém (eu) ensinar ao cão tudo o que ele sabe agora (senta, fica, deita, não, anda, aqui, junto larga, vai buscar, etc ) o que tornou a interacção com eles mais positiva. Mesmo agora fazem um bilú-bilú quando chegam a casa (dura 2 minutos) e depois adeus.

 

E sim, a Sónia tem razão. Até aprenderem a não fazer nada em casa, são umas manhãs de vómitos, mesmo para quem não esteja grávida (que voltam a repetir-se, sempre que o coitado do cão come uma porcaria qualquer na rua e fica mal da barriga e sem se conseguir controlar). Por isso, João... mesmo com um cão maravilhoso, e todas as condições para o ter, acho que é uma experiência gira para um/a solteiro/s, um jovem casal, ou uma família com filhos um pouco mais crescidos, mais de 14 anos, ou um casal sem filhos, porque em termos de exigência em termos de tempo e cuidados é quase como ter mais um filho - isto, claro, para quem se preocupa e gosta de fazer bem-feito...

 

Se pudesse voltar atrás escolheria o mesmo cão, o mesmo criador, mas definitivamente só daqui a 4 ou 5 anos. Mesmo assim, se um dia decidir avançar, escolha um criador que tenha boas condições para poder receber o cão sempre que vocês vão de férias - o nosso é assim e nunca na vida pensei que isso se revelaria tão importante - sim, porque nós adoramos o cão, e quando vamos a algum lado sabe bem saber que o deixamos com a família dele, de contrário iria ser um suplício.

 

(Ah! Esqueça também aquela coisa idílica de estar a almoçar, numa esplanada, com o cão sossegado debaixo da sua cadeira. A maior parte dos restaurantes, bares, etc. , não permite, e até que o cão consiga permanecer nesse estado, há um longo caminho a percorrer... a não ser que tenha imenso tempo para dedicar ao cão - o que, pelo que leio aqui, não me parece :-) )

 

publicado às 14:16


Obrigado, Sónia

por João Miguel Tavares, em 12.06.14

A leitora Ana Maria, colocada perante as minhas eternas dúvidas metafísico-caninas, qual Hamlet do canil - "Ter um cão ou não ter, eis a questão" -, aconselhou-me a ir ler o que a minha amiga Sónia Morais Santos anda a escrever sobre o cão que ela, num dia de manifesta loucura, resolveu meter dentro de casa.

 

E, de facto, vale a pena acompanhar o seu duplo esforço: para limpar a treta toda que o cão espalha pelo domicílio, e para se convencer de que, apesar de tudo, aquilo tem alguma graça. Mas como se percebe por um post como este, aquilo não tem mesmo graça nenhuma.

 

Portanto, queria deixar aqui publicamente o meu obrigado à Sónia, por a sua família estar a servir de minha cobaia à distância, mesmo sem saber. Quanto mais ela falar do seu cão, mais o meu futuro cão nunca chegará a existir, para grande tristeza das crianças e grande alegria do pai. Portanto, Sónia, escreve, escreve. Diz-me mais coisas que eu quero saber.

 

Que os dedos não tem doam para dares testemunho de cada cocó depositado na sala, cada chichi vertido na cozinha, cada pulga alojada no sofá. Lamento isto ser um triste caso de schadenfreude, mas é por uma boa causa. Estou contigo e com o grande Mojito.

 

publicado às 11:04



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