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Eu bem disse que haveria de chegar o dia em que falaria de Deus e de fé. A Teresa Power está justamente aborrecida por alguns comentários, que atingiram níveis de intolerância que eu não gosto de ver praticados neste blogue. O PD4 sempre se orgulhou de não ter moderação (embora já o tenha tido de moderar a espaços, porque de vez em quando passam por cá uns malucos - como em todo o lado, suponho eu) e gostaria que continuasse assim. Por isso, peço a todos que discutam com músculo e entusiasmo, mas também com moderação e bom-senso.
Esta discussão sobre métodos naturais versus métodos artificiais não serve para convencer a Teresa, ou o João, ou eu próprio, ou o Carlos Duarte, a mudar de opinião. Todos nós já pensámos abundamente sobre este tema. Mas as discussões fortalecem os argumentos e convidam a uma reflexão conjunta, porque se nós já pensámos sobre isto, há muita gente que nunca pensou. Também já há alguns exemplos desses nas caixas de comentários, e portanto esta troca de argumentos já serviu para alguma coisa.
Diz a Teresa Power:
Na verdade, JMT, enquanto as questões da fé não forem travadas na intimidade da oração, como referiu o João Miranda, não as iremos nunca compreender. A Deus chega-se pelo coração, e só depois de se chegar pelo coração, se "entende" pela razão. Toda esta argumentação é inútil, perfeita perda de tempo - a não ser, e é isso que me mantém aqui, que ajude alguém a abrir o coração...
Mais uma vez (voltamos a concordar para a semana, ok, Teresa?) não posso estar mais em desacordo. Como bem ensina a tradição, os caminhos do senhor são misteriosos, e aquilo que não falta ao longo da História são pessoas que chegaram a Deus de forma inteiramente racional. Primeiro entrou pela cabeça, e só depois foi ao coração. Eu sei, obviamente, que não é esse o carisma da Teresa, mas uma das grandes qualidades de Deus é não caber nas caixinhas que insistimos em criar para Ele. Não há um só caminho. Nunca houve um só caminho.
Deixem-me citar o belíssimo Eclesiastes, e rezar com Salomão, na tradução de João Ferreira de Almeida:
Assim com tu não sabes qual o caminho do vento,
nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida,
assim, também, não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.
Pela manhã, semeia a tua semente,
e à tarde, não retires a tua mão,
porque tu não sabes qual prosperará:
se esta, se aquela,
ou se ambas serão boas.
Eu acho que é isto que todos estamos a fazer, Teresa. Cada um está a semear a sua semente com o coração aberto, e não há porque retirar a mão só porque certos terrenos nos parecem demasiado duros.
A minha argumentação virá (finalmente!) a seguir.