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Vamos todos para o divã?

por João Miguel Tavares, em 26.06.14

Quanto mais eu leio os comentários da Maria, da Helena, da Sofia e de tanta gente que tem a simpatia de vir opinar sobre palmadas e boa educação para este blogue, mais sou invadido pela sensação de que nós não estamos a falar dos nossos filhos - estamos a falar de nós próprios e das nossas infâncias. Estamos, de alguma forma, a ajustar contas com o nosso passado, numa espécie de "diz-me o que te fizeram e eu dir-te-ei quem és".

 

Para que não haja equívocos: eu não me estou a pôr fora disso. Não tenho pretensões de pairar acima dos outros. Acho apenas que o sacana do Freud tem razão - está quase tudo lá, na nossa infância, é lá que devemos procurar a justificação para as nossas forças e para as nossas fraquezas, e para tantos dos nossos gestos como pais. Até porque se há livros de pediatria para todos os gostos, é porque a sua função fundamental não é aconselhar-nos a educar os filhos - é serem espelhos de nós próprios, obras especializadas onde vamos procurar argumentos para sustentar as convicções que já temos à partida. 

 

publicado às 10:29


33 comentários

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De A Caracol a 29.06.2014 às 22:11

Adoro este blogue!
Leio quase diariamente - é a minha companhia ao pequeno almoço - e é dele que retiro grande parte dos temas "polémicos" que mando para a toalha de piquenique para debate entre amigos, alegrando sempre os convivios com amenas discussões sobre educação e afins.
Isto dos filhos, lembra-me sempre uma expressão que a minha eu professora de português utilizou certa vez: é o belo-horrível. Deu ela, na altura, o exemplo, do incêndio: é horrível porque destroi tudo por onde passa, mas é inegável a sua beleza, quer pelo colorido das chamas, quer pelo seu poder. (Sempre partindo do pressuposto que nenhum de nós é o incendiário, como é lógico.)
Ora eu, que apenas possuo um feto de 17 semanas, digo isso mesmo: a gravidez é um bocadinho bela-horrível. Por exemplo, eu tive enjoos todas as manhãs, até há bem pouco tempo. Era belo porque lembrava-me que aquilo era real, por ser um efeito secundário de algo muito pretendido e desejado, ao mesmo que tempo que era horrível pela sensação de mau-estar geral e vômitos provocados.
Assim como quando me dizem que "agora é que giro! Vais começar a sentir o bebé a mexer e tudo!", eu não duvido que irei achar tudo muito belo, mas, ao mesmo tempo, horrível, sobretudo quando provovar algum tipo de desconforto físico.
Suponho que a parentalidade despolete um sentimento tão ambíguo quanto este, acrescentando ainda alguns outros ingredientes como a dúvida, a incerteza e outros que tais.
Sobre o bater ou não bater, sou sim a favor de uma palmadinha se for merecida e até uma determinada idade, em que o raciocínio lógico não está suficientemente desenvolvido para grandes diálogos.
Vou comparar, de forma um bocadinho parva e pedindo desculpa aos mais sensiveis, ao bater ou não bater nos cachorros. (Lamento a comparação, mas é o único tipo de educação que já exerci sobre algum ser. Além do marido, mas esse só foi lá mesmo à pancada) Tenho dois cães e apenas tive necessidade de bater num deles (bater, não espancar), para aprender a deixar de mordiscar as mãos dos humanos (é um hábito recorrente no cães pequenos o mordiscar, sobretudo as mãos e os pés). Insisti várias vezes com o "NÃO!", dei brinquedos, numa tentativa de elucidar o bicho que aquilo sim,podia para morder à vontade, mas certo é que o Cusco só aprendeu mesmo quando levou no focinho. E foi só mesmo isso: uma chapadinha do focinho. Fui má dona? Para muitos talvez, mas pareceu-me correcto na altura e serviu para o efeito pretendido.
Suponho, como disse, que o mesmo se aplicará a um filho. Mas só conseguirei afirmar quando o meu tiver dentes, pelo que fico só mesmo pelo achar e supor.
Já não é mau, podia não ter opinião formada sobre o assunto... ;-)
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De Patrícia a 01.07.2014 às 00:21

Hoje dei de caras com este blog, e adorei!...
Li uma série de posts, e alguns comentários, e o que mais gostei foi o estilo despreconceituoso da escrita do JMT e o ambiente aberto aos e dos comentários aos seus posts... Acredito em "tratar os bois pelos nomes", acredito na honestidade total (e se nos dispomos a autorar um blogue, é bom que sejamos 500% honestos!), e acredito que na partilha todos crescemos, porque aprendemos uns com os outros...
Resolvi estrear-me na partilha comentando este post, porque de alguma forma me revejo, quer no texto do JMT, quer em alguns dos comentários, e em especial neste...

Sou mãe de 3 rapazes, com 21, 15 (quase 16) e 8 anos de idade e, a experiência da maternidade em 3 filmes diferentes, e o esaço de tempo que medeia cada um deles permitiu-me adquirir imensa experiência no "intermeio", para aplicar na "dose" seguinte. Fui mãe pela 1ª vez aos 20 anos e meio, no início dos anos 90, e pela última vez com quase 34, em pleno Séc.XXI (2006), o que, como poderão imaginar, deu origem a 3 educações diferentes - não apenas devido ao facto de cada um deles ser único e irrepetível, mas mais do que tudo porque a experiência com o 1º (a quem chamo carinhosamente, o meu tubo de ensaio de "ser mãe") foi moldando as minhas crenças, valores e atitudes enquanto figura parental:
se, antes de ser mãe, era apologista da palmada (quando pequenos, que é de "pequenino que se torce o pepino") - credo que apliquei convictamente ao mais velho, sempre que achei que era necessário estabelecer-lhe os limites - hoje, acredito que há outras formas de resolver muitas das questões educativas, sem necessidade de recorrer à palmada - pelo que, dos 3, o mais novo foi o que menos sentiu o "peso" da minha mão...
Também devo dizer que, da minha experiência - quer de mãe quer de filha / irmã - nem sempre o recurso à explicação das consequências (que vi ter sido bastante elogiada em vários momentos aqui no PdQ/PD4) resolve todas as situações (e a das birras é uma delas!), nem sequer resulta com todas as crianças - o meu filho do meio desde cerca dos 2 anos que me escuta e aceita as explicações que lhe dou, compreendendo as consequências e acatando as minhas orientações; os outros 2, também não!!... é mesmo preciso "fechar" o rosto, ou dar um outro sinal claro de "não vás por aí", para que acatem as minhas ordens ou decisões de mãe (claro que estou a reportar-me às idades mais precoces, da infância! - sim, porque a partir dos 12 anos, nos rapazes, pelo menos, a conversa passa a ser outra!!... e fica para outra altura...)

De algumas coisas, neste momento do meu percurso (já com 21 anos de experiências, e tão díspares), tenho certezas (cá para mim - e cada qual que encontre as suas!!...):
1. As crianças pequenas (e menos pequenas) precisam de segurança, a qual lhes é dada tanto pelo amor incondicional (o colo, em qualquer situação de stress, os mimos, o compreender o seu "ser", as suas necessidades - que vão mudando, pela vida fora - e as suas dificuldades, e o apoio que nestas se impõe), quer pela autoridade (que lhes é dada pelos nãos veementes quando a segurança ou bem-estar - deles ou de outro - está em causa; sim, porque apesar de achar sempre que a segurança deles está primeiro, para mim, eles não são o centro do mundo, e desde cedo devem compreender que o seu próprio bem-estar não deve comprometer demasiado o bem-estar alheio, sob pena de se estar a comprometer o bem-estar social: aos mais velhos disse-lhes mesmo, ao entrarem na fase mais hedonista que lhes conheci - a da adolescência - que "o teu umbigo não é o centro do mundo, menino! - abre os olhos, para veres as pessoas que estão à tua volta, e lembra-te que nem sempre as tuas acções têm consequências apenas para ti mesmo!"...)
2. Não há pais perfeitos: há experiências diferentes que resultam em pais diferentes; há filhos diferentes - irrepetíveis - que demandam pais à altura das suas necessidades (de várias ordens)
3. Que há birras e birras - há as de provocação e as de profunda frustração - e que cada birra deve ter um "tratamento" adequado - por exemplo, uma criança profundamente frustrada pode não se aperceber que a sua figura parental "se pôs a andar" em pleno hiper, e sofrer o impacto do "abandono" a acrescentar ao da frustração...
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De Patrícia a 01.07.2014 às 00:37

4. O exemplo dado por ASantos é fantástico, por constituir uma amostra bem clara de algo que os psicólogos chamam de condicionamento - que é o que a palmadita na nalga é - condicionamento. E quanto ao condicionamento, só posso falar-vos da minha perspectiva horizontal - no divã: sofri correcções por castigos físicos 2 vezes na minha infância (e em toda a minha vida, diga-se, para clarificar...) - aos 4 anos levei com o cinto, do meu pai, por ter desobedecido às suas ordens; aos 7 levei 1 ou 2 reguadas (já nem recordo bem), com uma "menina dos 5 olhos" - regua de 50cm de comprido, em madeira, de 1 a 1,5 cm de expessura, bastante rígida e pesada) - da minha professora primária, por não ter feito os TPCs. O primeiro condicionou-me à obediência à figura masculina significativa, que me tem trazido alguns problemas de adaptação na vida adulta; a segunda grageou-me o maravilhoso hábito de fazer os TPCs sempre, e antes de tudo o resto, o que me trouxe muitos sucessos escolares e de aprendizagem durante toda a restante infância e juventude, e cujos benefícios ainda hoje colho...
As conclusões, deixo-as a quem as quiser tirar. Eu só sei que - hoje - evito tanto quanto posso, bater nos meus filhos. Às vezes, tenho mesmo necessidade de os "castigar", mas procuro fazer desses momentos oportunidades de aprendizagem (pelo raciocínio, pela repetição, etc)... ainda que esteja bem consciente de que nenhuma aprendizagem é tão eficaz como aquela que é mediada pela emoção - essa, nunca mais esquecemos, ainda que nem tenhamos consciência de ter aprendido algo num momento esquecido em que alguém "se passou" connosco e nos deu um berro ou uma palmada!!... - Uso-a mesmo com alguma frequência com o meu adolescente, de forma mais ou menos consciente, por me ver impossibilidata de o "chamar à razão", já que em certos momentos, o boom hormonal lhe tolda o bom senso emocional e até o racional em certos assuntos...

Uma palavra final para agradecer ao JMT a criação deste espaço de interacção e aprendizagem, e a tod@s @s participantes do blogue que tanto o enriquecem com as suas partilhas, dúvidas e respostas interactivas.
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De Sofia Lopes a 27.06.2014 às 17:23

Posso agradecer aqui a esta gente toda que me faz pensar em mim, no meu filho e na forma como me posiciono em relação à educação? Posso, posso?? :) Não mudei a minha maneira de pensar, mas refletir e "ouvir" outras opiniões é sempre positivo
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De Maria2 a 27.06.2014 às 01:10

Hum...discordo. Eu era apologista da palmada, dos gritos, das ameaças., dos castigos. Os meus pais eram assim. Durante muito tempo afirmei que isso não me fez mal nenhum, etc, etc, etc. Mas a verdade é que de cada vez que a minha mãe me batia porque andava preocupada com outras coisas e sem paciência, o que eu sentia era uma valente incompreensão da parte dela. E medo, muito medo. Aprendi com ela que quando alguém não faz o que TU queres, na hora que TU queres, podes recorrer ao medo e à força. Não aprendi a solucionar problemas, a ter empatia, a expressar o que sentia, a negociar. O que teve custos mais tarde.

Sim, porque numa relação deste tipo, passa-se a recorrer à mentira para se fazer o que se quer. Porque este tipo de educação não é centrado na consequência dos comportamentos. Então, se a pessoa que bate não está presente, faz-se o que queremos. O comportamento errado não é emendado porque pode ocorrer a consequência x ou y, mas porque podemos ser apanhados. Se não formos, então está aparentemente tudo bem.

Sorte das sortes, saiu-me um filho igual a mim, daqueles que gosta de fazer TUDO à maneira dele. Daqueles que, desde bebé, chora intensamente por tudo e por nada (porque mudou a fralda, porque tem fome, porque isto e porque aquilo - atenção que o meu primeiro filho era um bebé "ideal" e ingenuamente eu pensei que era por ser boa mãe :)

E recorri às palmadas. E não me senti bem. E concluí que nem com castigos, gritos e afins conseguiria chegar a algum lado. Porque era igual ao litro. Poderia ter persistido, mas comecei a ver que estava a ensinar-lhe a descontrolar-se quando ele já se sentia que não conseguia lidar com as emoções dele.

Percebi que ele gosta de controlar o que faz (quem não gosta?) e passei a dar-lhe opções dentro daquilo que eu preciso/quero que ele faça. Ele anda feliz por escolher o WC laranja em vez do azul, eu fico feliz porque ele lava as mãos sem reclamar. Ele anda feliz porque escolhe a ordem em que come os alimentos, eu porque simplesmente come. Claro que há situações que não permito que ele decida (usar ou não a cadeirinha é uma delas, levar ou não brinquedos dentro do carro é outra).

E para além das decisões, perante problemas, pergunto-lhe o que ele/eles sugerem para resolver. Destruiu os cromos do irmão, o que fazemos? Solução encontrada: tirar moedas do mealheiro para comprar novos. Espalhou plasticina pela sala fora, solução? Apanhar a plasticina todinha e varrer o chão. Riscou as paredes com marcadores? Toca a limpar com Cif. Bateu no irmão? Porquê? O que queria, o que deveria ter dito para evitar?

No meio deste processo todo, tenho andado a aprender a controlar-me, a não ferver em pouca água, em ouvir e perceber o que ele sente. E sobretudo a dar o exemplo. Se eu bato, não posso exigir que ele não bata, se eu grito, não posso exigir que ele não grite, se eu não oiço, não posso exigir que ele oiça.

Porque as crianças não fazem aquilo que nós dizemos, mas o que nós fazemos, quer bom, quer mau.

Não vou dizer que é fácil, que é rápido, que consigo cumprir a 100%.

Conclusão: eu não fui atrás de algo que confirmassem as minhas convicções, eu fui atrás de algo que resultasse e que tornasse a minha relação comigo e com os meus filhos melhor.

Era um desafio interessante o João ler uns textos sobre o assunto, com o espírito aberto...talvez o ajudasse a resolver as questões que tem em relação à paternidade :)

O curioso é que relativamente ao expressar de emoções e resolução de problemas, tenho aplicado a adultos (marido, mãe, etc) e os resultados são interessantes.
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De Bruxa Mimi a 27.06.2014 às 08:28

Maria, este é bem capaz de ser o melhor comentário que já escreveu neste blogue. Explica melhor a sua opção do que mil citações de livros ou (infelizes) juízos de valor sobre as opções dos outros. Ainda bem que o escreveu e, já agora, que não abandonou o blogue! :-)
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De Conceição M. a 27.06.2014 às 14:48

Acho que esta não é a Maria que está a pensar... esta comentadora é Maria2 ;) digo eu...
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De MC a 27.06.2014 às 10:22

Já não consigo distinguir as Marias... (havia uma algo irritante nas suas certezas que não me parece ser esta)

Mas estes foi dos melhores comentários que li sobre o tópico!
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De Conceição M. a 27.06.2014 às 15:07

Olá Maria2
Eu acho que no fundo estão ambos a ir no mesmo sentido!
Quando nos tornamos pais, somos igualmente filhos e toda a nossa "bagagem", boa e/ou má, necessáriamente influencia-nos na nossa vivência como pais. Não no sentido de fazermos as coisas, obrigatóriamente, tal como os nossos pais nos fizeram -mas, muitas vezes, até porque nos lembramos que enquanto filhos não gostávamos de determinadas coisas e, agora como pais, procuramos fazer diferente...
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De Ana Maria a 26.06.2014 às 18:53

Vou organizar o meu comentário em duas partes, para ser mais fácil de analisar :)

1. A minha mãe era obcecada pelas arrumações. Quando digo obcecada, digo que não me podia ver sentada a ver TV que arranjava logo alguma coisa para eu fazer: varrer, limpar, fazer a cama, o que fosse. Essa mania das arrumações, de ter tudo impecável - se calhar necessária, dado que éramos 4 e se cada um fizesse tenda e deixasse ficar o caos nasceria em segundos - passou até para as brincadeiras que fazíamos: se a brincadeira era às casinhas, não importava o tempo que demorávamos a montar a coisa. Quando chegava a hora de arrumar era para arrumar, nem que tivéssemos a brincar há apenas 5 minutos. Nunca um brinquedo ficava fora do lugar. Nunca.
A minha filha tem uma tenda no meio do quarto. Temos brinquedos na sala, e um caixote enorme para os arrumar (ela arruma, eu ajudo). Se alguma brincadeira fica a meio, fica assim até a terminar no dia seguinte. Gosto que tenha as coisas arrumadas (com os livros sou mais picuínhas) mas sem exagero. Na minha maneira de ver as coisas e de agir com ela, uma sala desarrumada não traz nenhum mal ao mundo. Ela é feliz assim, e assim eu sou feliz com ela.
Comportamentos assentes em experiências, vivências e frustrações passadas? Oh, yeah. Sem dúvida. Quando a vejo a brincar, lembro-me de nunca ter visto a minha mãe a brincar connosco. E isso faz-me sentar a brincar com ela.

2. Isto da palmada ou não palmada não é fácil. Posso dizer que, em quase cinco anos, nunca bati à minha filha. Nunca gritei, nunca berrei - um olhar sério basta, o nome dito em forma lenta também. Nunca fez birra, nem em casa nem fora dela, ainda que tenha amuos mais ou menos frequentes - as birras silenciosas, como lhes chamo.
Esta "façanha" é parte dela (não desafia a minha autoridade) e parte minha (sempre expliquei o porquê de cada acção, de cada comportamento, mesmo quando ela ainda não percebia o que eu dizia. Não entendia as palavras, mas perceb(er)ia que algo pensado estava por detrás daquela decisão).
Não bater nem berrar traduz a minha forma de ser, de estar, a forma como pensei (antes) e exerço (agora) a parentalidade. Sim, li Carlos Gonzalez, sim, li Estivil, sim, li muita coisa. E tenho cabeça para pensar, também :)

Mas apesar de (até agora...) nuca ter batido nem gritado não significa que não fique enervada. E gostava de deixar aqui escrito que, meus amigos, manter a calma é, muitas vezes, um quase sacrifício. Quando vejo que já falei, já soletrei o nome, já olhei de forma séria, já conversei, e o amuo ou a insistência ("mãe, mãe, mãe, MÃAAAAAEEEEEEEE") não passa, tenho vontade de mandar um berro. De dizer "porque no te callas?", de atirar um "oh pah, porra, cacoiso" .
Mas - lá está - a educação que lhe quero dar não é esta, quero que perceba que é possível manter a calma mesmo em situações exasperantes. E, por isso, respiro fundo pela enésima vez e explico. Ou saio de cena, e ela que fique a chamar.

E pronto, era mais ou menos isto.

JMT, quanto lhe devo?


(nota - os meus pais baterem-me algumas vezes, deram-me palmadas de quando em vez, amaram-me todos os dias. tive uma infância feliz. ainda que com as coisas todas arrumadas)
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De mae sabichona a 26.06.2014 às 14:20

Eu costumo dizer que após um filho o maior desafio é educarmos nós próprios. Os pais "perdem" muito tempo com dúvidas sobre como devem agir, e obviamente que há coisas específicas centradas neles, mas grande parte do que fazemos e das nossas escolhas baseia-se em emoções muito profundas e que acabam por determinar a forma como vemos o mundo e portanto na forma como educamos os filhos. O desafio está em colocar em causa a nossa própria infância sem uma lógica de total rejeição ou aceitação. Acho que todos podemos ter o discernimento de fazer essa distinção.
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De Maria João Resende a 26.06.2014 às 14:12

E se fossemos para o sofá falar sobre um filme? Ou ver fotos parvas de pessoas com ar incrível? Ou contar as novidades do Gui, da Ritinha, ou as novas conquistas da Carolina e do Tomás? E se fossemos comentar profundamente um tema inesperado, e encontrar nuances curiosas em coisas de todos os dias?
Eu sei que já passei do prazo de me preocupar com filhos, e ainda não estou numa de netos, e que será talvez por isso que já não aguente mais estas conversas sobre bater, e não bater, e o diabo a PD4.
Eu sei, também, que acompanhar os interesses dos seus leitores será uma das suas prioridades, e que o número avassalador de comentários que estes temas merecem parece indicar que o principal interesse das pessoas está aí.
Mas será que o que quer para o seu blog é ser um agregador de comentários sobre os GRANDES TEMAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL? Só???
São as 'audiências' a mandar? E não irão 'as audiências' matar o que me parecia ser a essência deste blog?
Não sei! Só sei que tenho saudades da vossa família, das vossas histórias, e da forma como, sem nos chapar na cara o 'hoje vamos falar sobre A, B ou C', eramos convidados a pensar em coisas sérias, muitas vezes de forma bem ligeirinha.
Apetece-me atirar-me para o chão e, correndo o risco de apanhar uma valente palmada que a minha mãe não hesitaria dar-me, gritar bem alto: 'QUERO O MEU BLOG FAVORITO DE VOLTA!'
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De sofia a 26.06.2014 às 14:08

JMT,
Gosto destas discussões que o seu blog estimula sobre "diferentes métodos educativos". Andamos todos a falar da nossa infância, concordo consigo e acrescento, a usar a lei do mais forte (ou do mais fraco, vá): o chefe dá um raspanete ao pai, o pai dá um murro na mãe, a mãe dá um estalo no filho e o filho dá um pontapé no cão. Para regular este mecanismo de passa ao outro e nao ao mesmo, o cão devia era dar uma bela duma mordidela ao chefe!
Eu tenho três filhos e sou pelo não bater. A minha "estratégia de sobrevivência" nisto de educar os filhos é estabelecer um limite, que eu vejo como uma esfera cujo centro sou eu. Esta é uma esfera naturalmente móvel. Quando tive um dia de cão, é claro q os limites sao diferentes que seriam num bom dia.
Cada um com o método que o faz mais feliz. Mas: se o pai bate no filho, que seja uma escolha racional, consequente e congruente e não porque apanhou na sua infância e "sobreviveu", porque teve um mau dia ou porque o cão lhe mordeu.

Um abraço e continue a estimular estas discussões! :)
Sofia
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De Sofia Lopes a 26.06.2014 às 13:23

uma perguntinha de divã: quem dá uma palmada, quando a dá, acredita mesmo que a criança MERECE levar uma palmada? ou sente que é mais um descontrole seu, um não ter mais outra opção?

atenção que eu, apesar de ser contra castigos físicos (sim, uma simples palmada é um castigo físico), não digo que nunca o farei! já vivi anos suficientes para aprender "nunca digas nunca", o que eu digo é até hoje, 17 meses de vida do meu filho, NUNCA lhe dei uma palmada, e ESPERO nunca o fazer, não digo que nunca o irei fazer (caramba, para quem diz "nunca digas nunca" já estão aqui uma catrefada deles :D)
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De Paulucha a 26.06.2014 às 15:13

Gostei da questão que levanta, Sofia, e por mim respondo que já apliquei palmadas nas duas circunstâncias: por descontrolo (poucas, que invariavelmente me causaram dores de estômago e noites mal dormidas) e as que eu chamo "desentupidoras de ouvidos" ou seja, facilitam a passagem dos argumentos proferidos e que nem sequer são escutados. Tenho uma filha de nove e um filho de cinco e quando ela tinha 17 meses também nunca lhe tinha dado nenhuma palmada, nem daquelas "não mexe". Nunca achei que fosse essa a forma de educar, porque também levei e não gostei (oh pra mim no divã). Mas, ao contrário de tantos autores de prosa neste blogue, não sou mulher de certezas absolutas e verdades imutáveis. A vida tem feito questão de me mostrar isso, também. E assim, já dei várias palmadas (inclusive em público) e sei que não ficarei por aqui, apesar de serem cada vez mais raras. Se acho que procedo bem? Talvez não... Poderia ter feito melhor? Penso que sim... but I'm only human...Os meus filhos sentem-se amados e protegidos? De certeza que sim!!! Traumatizados com as palmadas que levaram? Daqui a uns anos saberei...
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De Sílvia a 26.06.2014 às 17:31

Sofia, eu acho que uma criança de 17 meses ainda não entende o ensinamento que pretende dar-se com uma palmada, da mesma forma que não entende uma explicação, ou outro tipo de castigo. Nesta idade a única coisa que consegue fazer para evitar que ele continue no que a Sofia não quer é desviar-lhe a atenção para outra coisa, como referiu noutro comentário em baixo.
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De Sílvia a 26.06.2014 às 17:32

Mas isso sou eu que acho, que tenho um de 10 meses e pelo que me apercebo parece-me isso, não é nenhuma teoria educativa!!
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De Sofia Lopes a 26.06.2014 às 22:54

Então e qual é, no fundo no fundo, o ensinamento que uma palmada tem a pretensão de dar? Que aquilo não se faz porque senão... levas uma palmada, certo? Não se explica o porquê desse comportamento estar errado, não faz muito mais sentido isto? Tomemos o exemplo da monumental birra pública. Já passamos o ponto de explicar que a troika é uma fdp que nos suga o salário até ao tutano, já não adianta argumentar que ele já tem 3516 carrinhos aos quais não liga nenhuma, etc etc. A birrona à la drama queen instalou-se. A palmada vai calar a criança? E um abraço forte enquanto corremos as cortinas do show, não? Isto é uma pergunta genuína, acho que muitos pais que cedem à facilidade da palmada nem consideram esta hipótese - arrisco a dizer que por temerem a reprovação alheia "olha aquele banana o miúdo a dar um espetáculo daqueles e ele ainda o abraça. Havia de ser meu filho" (frase preferida dos voieurs de birras é impressionante...)
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De Sílvia a 27.06.2014 às 16:08

Sim, é o chamado reforço negativo. Dependendo das idades, em certas idade não consegue explicar a 1 criança o porquê de não poder fazer aquilo, só com reforço negativo, seja palmada, berro, olhar fulminante um NÃO mais alto, sei lá, coisas assim.
Anda tudo muito chateadinho com a palmada e ninguém fala da chantagem emocional que muitas pais fazem, "se fizeres isso a mãe não gosta de ti", ou alguns pais que deixam de falar com os filhos quando eles fazem algo que não devem, o que é pior? A Sofia abraça o seu filho quando ele arma uma birra, deduzo que o abrace também quando ele está "normal", quando o está a mimar, então qual é a diferença? Ele vai entender o que lhe tenta ensinar, vai distinguir o certo do errado, se está a fazer bem ou mal? Se o abraça tanto quando ele faz bem como quando faz mal...
Comentei num outro post algo precisamente desse género. Sou dentista, farto-me de ver birras, como deve imaginar, tive um dia 1 pequeno de 3 ou 4 anos, que sem eu sequer começar a fazer algo armou uma dessas birras, pois o pai pegou nele ao colo e abraçou-o, precisamente, sabe o que ele fez ao pai? Pontapeou-o! Fugiu-lhe do colo, foi para a porta pontapeá-la e aí tive eu que falar um pouco mais áspero e ele parou!

Há crianças que vão lá a bem, com conversas, há crianças demasiado rebeldes, que possivelmente precisam de algo mais, não podemos achar que todas as crianças se educam da mesma forma, nem podemos achar que por uma palmada vem mal ao mundo. Mal ao mundo vem quando os paizinhos deixam andar os meninos como querem, fazer o que querem e depois eles andam a bater em professores, ou a violar colegas e um dia mais tarde quem sabe a bater nos próprios pais.
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De Sílva a 27.06.2014 às 16:16

E atenção que não estou a defender a palmada. Defendo que cada pai (e mãe) tenha a liberdade, sem ser julgado, de educar os seus filhos como bem entender, porque cada pai é que conhece melhor o filho, e não a vizinha do lado que acha que nem um berro se deve dar.

Tirando as excepções de abusos físicos ou psicológicos claro, como tareias, violações e outras coisas assim.
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De Sílvia a 27.06.2014 às 16:23

E em relação a esta parte: " A birrona à la drama queen instalou-se. A palmada vai calar a criança?"
Em alguns casos sim, a palmada cala a criança, noutras não. Conheço um que o pai farta-se de dar palmadas e o chavalo não vai lá nem à lei da bala, daqueles rebeldes que leva e passado 2 minutos está a fazer o mesmo, quase que a desafiar! Aí se calhar o pai tem que mudar de estratégia!
Noutros resulta apenas o olhar fulminante, noutros um simples cala-te, noutros uma conversa, noutros o deixá-los lá sozinhos e noutros sim, uma palmada. As crianças são todas diferentes, cada pai saberá melhor o que resulta com o seu filho.
Faz-me lembrar uma história precisamente duma senhora no hiper com a filha, a menina atira-se para o chão aos berros, numa monumental birra, a mãe segue-lhe os passos, faz igual! A menina levanta-se chega ao pé da mãe e diz-lhe: "Mãe levanta-te, 'tás-me a fazer passar vergonhas"!! Não sei que idade tinha a menina, mas lá está, a mãe é que sabia como lidar melhor com a situação.
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De Sofia Lopes a 27.06.2014 às 17:20

Falei no abraço como forma de acalmar a birra, apenas, como forma de ajudar a criança a acalmar-se (o sair do transe, como a JP falou). porque de facto no calor do momento não há conversa nem explicação que valha! então vá, um abraço em vez da palmada!

e sim, os exemplos que refere da chantagem emocional, enfim, isso é que não (também!)! ia escrever "não sei o que é pior, uma palmada ou dizer "não gosto de ti"" mas acho que é pior o "não gosto de ti", sinceramente...

enfim, vivendo e aprendendo, educando e aprendendo a educar (aquele filho ;) )
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De JP a 26.06.2014 às 23:06

Realmente, a pergunta é pertinente. Quando os meus tinham 17 meses também esperava nunca ter de dar uma palmada mas quando chegaram à idade das birras, dei. Sempre que dei (tenho de dizer que não foram muitas vezes, mas ainda que tenha sido uma vez é o suficiente para vir aqui a ASAE da paternidade dizer que maltrato os meus filhos...) não encontrei alternativa: fosse porque eu fiquei desorientada com a situação ou porque a palmada no rabo foi precisa para que o filho/a saísse do transe da birra. Porque, nunca imaginei antes de ser mãe, os putos entram em transe e é preciso um "choque" para sairem do transe.
É curioso porque, a propósito de ter de sair do transe, estou a lembrar-me que uma vez (com 20 e poucos anos) precisei de ir a uma consulta de neurologia e o médico queria testar os reflexos na planta dos pés e eu tinha cócegas e não parava de me rir, até que entrei mesmo numa histeria de riso. Literalmente! Bom, só acalmei quando o neurologista me deu uma bela palmada na planta do pé. O efeito do choque da palmada foi imediato. Porque não estava a contar com aquilo. Em algumas birras dos meus filhos o efeito foi esse: sair do transe. Mas posso contar pelos dedos de uma mão as vezes em que dei uma palmada a cada um dos meus filhos. Agora, a caminho dos 8 anos, parece-me que não vou precisar. Tenho medo é do que me espera daqui por uns 5 anitos. Mas disso falaremos mais tarde :S

P.S. - Atenção, não quero que interprete que lhe estou a dizer que deve dar a palmada quando a fase das birras chegar. Eu é que não consegui escapar a dar a palmada, mas gostaria de ter atravessado as birras sem recorrer a ela. Desejo-lhe felicidades :)
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De Sofia Lopes a 27.06.2014 às 10:43

eu essa "versão" do transe já tinha ouvido falar, e a sua história da palmada na planta do pé não me espanta nada, parece o estalar dos dedos para sair do estado hipnótico :) mas gostava mesmo mesmo era de conseguir tirar o meu bebé desse estado sem recorrer à palmada. lá está, quando lá chegar verei!

e sim, compreendi que não estava a defender a palmada como única via ;)
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De JP a 27.06.2014 às 22:17

Sim, a palmada nunca foi o primeiro recurso. Aliás, como falavam uns comentários atrás, acho que até foi mesmo a Sílvia, a primeira estratégia para acabar com a birra foi sempre retirá-los para outro sítio e abraçá-los, acalmando-os, falando-lhes também com calma. Depois, fazíamos a revisão do que se tinha passado e o que tinha corrido mal. Resultou em 98% das vezes. Nos restantes 2% não. Mas nunca, NUNCA!, lhes disse "és feio/a" ou "não gosto de ti". Acho que uma criança que ouve coisas deste tipo nunca se esquece pela vida fora. Acho que isso seria bem pior do que as poucas palmadas que acabei por lhes dar...
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De Helena Araujo a 26.06.2014 às 12:36


Em parte tem razäo: aquilo que experienciamos como crianca condiciona o modo como educamos e olhamos para o nosso papel de educador. Uns repetem o que os pais fizeram, outros fazem exactamente o contrario, outros tentam uma edicäo revista e melhorada.
Quando eu digo que é possivel educar sem bater, estou a falar sobretudo de mim, e da experiencia que fiz como mäe. Mas tambem da experiencia que fiz como filha, e que me fez descobrir muito cedo que os pais näo säo infaliveis, pelo contrario. Por me lembrar täo bem do que sentia quando apanhava é que insisto aqui que os pais näo devem bater nos filhos.
Quanto aos livros serem diferentes para cada um se servir, no meu caso errou em cheio. Fui educada de uma maneira, vi amigos a educar os filhos deles de outra maneira, fui confrontada com modos de educar bem diferentes tanto na Alemanha como nos EUA. Näo tinha ideias feitas, e tive a oportunidade de ver muitos caminhos diferentes. Observei familias e culturas, li livros muito diferentes, para poder decidir sobre os meus proprios criterios.
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De mae sabichona a 26.06.2014 às 14:27

Helena, eu não sou a favor da palmada mas tenho uma visão mais tolerante sobre um momento em que isso possa acontecer. O meu filho só tem um ano, não estou em alturas de perceber como será na prática mas acredito profundamente que não venha a ser necessária. Assim como também não cuspo para o ar e pode dar-se o caso de se me afigurar uma solução possível quando eu, mulher imperfeita, esgote tudo o que me pareça ser alternativa. E sabe uma coisa? Os meus pais não me batiam. Mas não é por eles nunca o terem feito e eu achar que fizeram bem, que agarro na minha experiência pessoal e evangelizo todos os que estão à minha volta. Acho que esse é um dos grandes problemas dos fundamentalismos. É que as pessoas agarram-se às suas vivências, que podem ter intensidades totalmente diferentes das de outras, e não ponderam que podem existir vários caminhos para se criarem crianças felizes.
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De Anónimo a 26.06.2014 às 15:54

Os pais também nunca me bateram, que eu saiba ou tenha memória, mas lembro-me de ver o meu pai bater uma vez à minha irmã mais nova. Aos mais velhos do que eu (são cinco), se bateram, não sei.

Uma coisa que sei é que não sou a favor de bater por bater, como se bater solucionasse todos os males e acabasse com todas as dificuldades em educar uma criança. Mas também sei que uma palmada pode ser a solução para determinada situação. Solução ideal? Não, certamente. Mas por vezes, a única que ocorre ou funciona.

Tenho acompanhado estes posts no PD4 (gosto desta sigla, mas gostava de outra que já encontrei algumas vezes nos comentários, PdQ) e acho que percebo a posição de quem é totalmente contra qualquer castigo físico. Parece-me que querem dizer que, quando uma pessoa assume e decide que NÃO VAI DAR PALMADAS nem nada do género aos filhos, em circunstância nenhuma, essa pessoa automaticamente tem de se "forçar" a ser criativa na gestão das crises, enquanto que uma pessoa que assume que, às vezes, uma palmada resolve (até hoje, eu estou neste grupo, mas não sei se me vou manter nele para sempre, que isto tem-me posto a pensar), não se "força" a ser tão criativa - às vezes, tal como defende, dá a palmada e pronto.

Tenho alunos de sete anos, gémeos, extremamente bem educados que, segundo os pais, nunca apanharam uma palmada. Acredito neles e acho que vão no bom caminho. Mas nem sempre é assim.

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De Sofia Lopes a 26.06.2014 às 16:49

"Parece-me que querem dizer que, quando uma pessoa assume e decide que NÃO VAI DAR PALMADAS nem nada do género aos filhos, em circunstância nenhuma, essa pessoa automaticamente tem de se "forçar" a ser criativa na gestão das crises"

agora que diz isso... de facto... eu quando o meu filho insistentemente mexe no que não deve, em que eu tiro a mão e digo "não mexe" n vezes (não são muitas de seguida, à 3ª desvio a atenção dele para outra coisa qualquer -(é tããããão fácil isto aos 17 meses) mas passado um bocado lá vai ele outra vez) eu conscientemente auto-controlo-me, ou seja, facilmente uma pessoa perde o tino "xiça é preciso repetir a mesma coisa 20 vezes?!" é, a um bebé de 17 meses é preciso repetir a mesma coisa 20, 30 ou 50 vezes, dizia, facilmente uma pessoa perde o tino e lá vai disto, lambada na fralda. e é mais fácil deixarmo-nos ir pelo descontrolo do que focarmo-nos na gestão criativa...

não quero de forma alguma bater no peito "ai ai ai eu sou muita boa", acredito que o meu filho seja por ele uma criança fácil, não tenho mais nenhum, não sei como são os outros (educados por mim ;) ) mas de facto... nunca cheguei ao limite de lhe bater (e já vi um bebé de 10 meses levar uma palmada na boca por morder no ombro da mãe - e não, não foi aquele morder de uma criança de 2 anos, foi o morder da aflição dos dentes)
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De Rita a 27.06.2014 às 10:49

Minha amiga, aos 17 meses ainda tem muuuuuito por andar.
Deixe passar mais uns tempos e depois falamos.
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De Helena Araujo a 27.06.2014 às 21:20

"Mäe sabichona", sabe porque é que eu insisto? É que a mensagem que o JMT tenta passar é que bater em criancas é um método aceitável. Näo quero julgar pessoas que num momento de stress ou descontrolo däo uma palmada num filho, mas tenho realmente um problema quando as pessoas entendem que essa é uma maneira de educar. Pode chamar-lhe fundamentalismo. Eu chamo-lhe defesa dos direitos das criancas.
Há cinquenta anos havia muitas mais pessoas que diziam que o homem tem de bater na mulher quando ela näo é capaz de aprender de outra maneira. Felizmente essas ideias já näo se consideram aceitáveis. Com a "palmada pedagógica" vai acontecer o mesmo.
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De Sofia Lopes a 27.06.2014 às 21:51

Pois de facto acho que é basicamente isto que a Helena escreve - eu sou fundamentalmente e por princípio contra, mas sou também humana, e como tal falho e tenho a consciência que falho. E por isso considero que é errado bater mas não recrimino quem o faça por descontrole, mas critico quem acha que faz parte do processo educativo. Às preciso sermos radicais para mudar mentalidades. Também acredito nesse futuro Helena ;-)
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De mae sabichona a 27.06.2014 às 22:51

Concordo consigo Helena. Simplesmente, eu também bato muito na tecla de não tornarmos as nossas experiências em verdades absolutas e em sermos um pouco mais tolerantes, sem que para isso abandonemos as nossas convicções. Mas na sua essência o seu discurso vai ao encontro do meu...

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