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Vamos todos para o divã?

por João Miguel Tavares, em 26.06.14

Quanto mais eu leio os comentários da Maria, da Helena, da Sofia e de tanta gente que tem a simpatia de vir opinar sobre palmadas e boa educação para este blogue, mais sou invadido pela sensação de que nós não estamos a falar dos nossos filhos - estamos a falar de nós próprios e das nossas infâncias. Estamos, de alguma forma, a ajustar contas com o nosso passado, numa espécie de "diz-me o que te fizeram e eu dir-te-ei quem és".

 

Para que não haja equívocos: eu não me estou a pôr fora disso. Não tenho pretensões de pairar acima dos outros. Acho apenas que o sacana do Freud tem razão - está quase tudo lá, na nossa infância, é lá que devemos procurar a justificação para as nossas forças e para as nossas fraquezas, e para tantos dos nossos gestos como pais. Até porque se há livros de pediatria para todos os gostos, é porque a sua função fundamental não é aconselhar-nos a educar os filhos - é serem espelhos de nós próprios, obras especializadas onde vamos procurar argumentos para sustentar as convicções que já temos à partida. 

 

publicado às 10:29


33 comentários

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De Sílvia a 26.06.2014 às 17:31

Sofia, eu acho que uma criança de 17 meses ainda não entende o ensinamento que pretende dar-se com uma palmada, da mesma forma que não entende uma explicação, ou outro tipo de castigo. Nesta idade a única coisa que consegue fazer para evitar que ele continue no que a Sofia não quer é desviar-lhe a atenção para outra coisa, como referiu noutro comentário em baixo.
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De Sílvia a 26.06.2014 às 17:32

Mas isso sou eu que acho, que tenho um de 10 meses e pelo que me apercebo parece-me isso, não é nenhuma teoria educativa!!
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De Sofia Lopes a 26.06.2014 às 22:54

Então e qual é, no fundo no fundo, o ensinamento que uma palmada tem a pretensão de dar? Que aquilo não se faz porque senão... levas uma palmada, certo? Não se explica o porquê desse comportamento estar errado, não faz muito mais sentido isto? Tomemos o exemplo da monumental birra pública. Já passamos o ponto de explicar que a troika é uma fdp que nos suga o salário até ao tutano, já não adianta argumentar que ele já tem 3516 carrinhos aos quais não liga nenhuma, etc etc. A birrona à la drama queen instalou-se. A palmada vai calar a criança? E um abraço forte enquanto corremos as cortinas do show, não? Isto é uma pergunta genuína, acho que muitos pais que cedem à facilidade da palmada nem consideram esta hipótese - arrisco a dizer que por temerem a reprovação alheia "olha aquele banana o miúdo a dar um espetáculo daqueles e ele ainda o abraça. Havia de ser meu filho" (frase preferida dos voieurs de birras é impressionante...)
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De Sílvia a 27.06.2014 às 16:08

Sim, é o chamado reforço negativo. Dependendo das idades, em certas idade não consegue explicar a 1 criança o porquê de não poder fazer aquilo, só com reforço negativo, seja palmada, berro, olhar fulminante um NÃO mais alto, sei lá, coisas assim.
Anda tudo muito chateadinho com a palmada e ninguém fala da chantagem emocional que muitas pais fazem, "se fizeres isso a mãe não gosta de ti", ou alguns pais que deixam de falar com os filhos quando eles fazem algo que não devem, o que é pior? A Sofia abraça o seu filho quando ele arma uma birra, deduzo que o abrace também quando ele está "normal", quando o está a mimar, então qual é a diferença? Ele vai entender o que lhe tenta ensinar, vai distinguir o certo do errado, se está a fazer bem ou mal? Se o abraça tanto quando ele faz bem como quando faz mal...
Comentei num outro post algo precisamente desse género. Sou dentista, farto-me de ver birras, como deve imaginar, tive um dia 1 pequeno de 3 ou 4 anos, que sem eu sequer começar a fazer algo armou uma dessas birras, pois o pai pegou nele ao colo e abraçou-o, precisamente, sabe o que ele fez ao pai? Pontapeou-o! Fugiu-lhe do colo, foi para a porta pontapeá-la e aí tive eu que falar um pouco mais áspero e ele parou!

Há crianças que vão lá a bem, com conversas, há crianças demasiado rebeldes, que possivelmente precisam de algo mais, não podemos achar que todas as crianças se educam da mesma forma, nem podemos achar que por uma palmada vem mal ao mundo. Mal ao mundo vem quando os paizinhos deixam andar os meninos como querem, fazer o que querem e depois eles andam a bater em professores, ou a violar colegas e um dia mais tarde quem sabe a bater nos próprios pais.
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De Sílva a 27.06.2014 às 16:16

E atenção que não estou a defender a palmada. Defendo que cada pai (e mãe) tenha a liberdade, sem ser julgado, de educar os seus filhos como bem entender, porque cada pai é que conhece melhor o filho, e não a vizinha do lado que acha que nem um berro se deve dar.

Tirando as excepções de abusos físicos ou psicológicos claro, como tareias, violações e outras coisas assim.
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De Sílvia a 27.06.2014 às 16:23

E em relação a esta parte: " A birrona à la drama queen instalou-se. A palmada vai calar a criança?"
Em alguns casos sim, a palmada cala a criança, noutras não. Conheço um que o pai farta-se de dar palmadas e o chavalo não vai lá nem à lei da bala, daqueles rebeldes que leva e passado 2 minutos está a fazer o mesmo, quase que a desafiar! Aí se calhar o pai tem que mudar de estratégia!
Noutros resulta apenas o olhar fulminante, noutros um simples cala-te, noutros uma conversa, noutros o deixá-los lá sozinhos e noutros sim, uma palmada. As crianças são todas diferentes, cada pai saberá melhor o que resulta com o seu filho.
Faz-me lembrar uma história precisamente duma senhora no hiper com a filha, a menina atira-se para o chão aos berros, numa monumental birra, a mãe segue-lhe os passos, faz igual! A menina levanta-se chega ao pé da mãe e diz-lhe: "Mãe levanta-te, 'tás-me a fazer passar vergonhas"!! Não sei que idade tinha a menina, mas lá está, a mãe é que sabia como lidar melhor com a situação.
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De Sofia Lopes a 27.06.2014 às 17:20

Falei no abraço como forma de acalmar a birra, apenas, como forma de ajudar a criança a acalmar-se (o sair do transe, como a JP falou). porque de facto no calor do momento não há conversa nem explicação que valha! então vá, um abraço em vez da palmada!

e sim, os exemplos que refere da chantagem emocional, enfim, isso é que não (também!)! ia escrever "não sei o que é pior, uma palmada ou dizer "não gosto de ti"" mas acho que é pior o "não gosto de ti", sinceramente...

enfim, vivendo e aprendendo, educando e aprendendo a educar (aquele filho ;) )

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