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Vamos todos para o divã?

por João Miguel Tavares, em 26.06.14

Quanto mais eu leio os comentários da Maria, da Helena, da Sofia e de tanta gente que tem a simpatia de vir opinar sobre palmadas e boa educação para este blogue, mais sou invadido pela sensação de que nós não estamos a falar dos nossos filhos - estamos a falar de nós próprios e das nossas infâncias. Estamos, de alguma forma, a ajustar contas com o nosso passado, numa espécie de "diz-me o que te fizeram e eu dir-te-ei quem és".

 

Para que não haja equívocos: eu não me estou a pôr fora disso. Não tenho pretensões de pairar acima dos outros. Acho apenas que o sacana do Freud tem razão - está quase tudo lá, na nossa infância, é lá que devemos procurar a justificação para as nossas forças e para as nossas fraquezas, e para tantos dos nossos gestos como pais. Até porque se há livros de pediatria para todos os gostos, é porque a sua função fundamental não é aconselhar-nos a educar os filhos - é serem espelhos de nós próprios, obras especializadas onde vamos procurar argumentos para sustentar as convicções que já temos à partida. 

 

publicado às 10:29


33 comentários

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De JP a 26.06.2014 às 23:06

Realmente, a pergunta é pertinente. Quando os meus tinham 17 meses também esperava nunca ter de dar uma palmada mas quando chegaram à idade das birras, dei. Sempre que dei (tenho de dizer que não foram muitas vezes, mas ainda que tenha sido uma vez é o suficiente para vir aqui a ASAE da paternidade dizer que maltrato os meus filhos...) não encontrei alternativa: fosse porque eu fiquei desorientada com a situação ou porque a palmada no rabo foi precisa para que o filho/a saísse do transe da birra. Porque, nunca imaginei antes de ser mãe, os putos entram em transe e é preciso um "choque" para sairem do transe.
É curioso porque, a propósito de ter de sair do transe, estou a lembrar-me que uma vez (com 20 e poucos anos) precisei de ir a uma consulta de neurologia e o médico queria testar os reflexos na planta dos pés e eu tinha cócegas e não parava de me rir, até que entrei mesmo numa histeria de riso. Literalmente! Bom, só acalmei quando o neurologista me deu uma bela palmada na planta do pé. O efeito do choque da palmada foi imediato. Porque não estava a contar com aquilo. Em algumas birras dos meus filhos o efeito foi esse: sair do transe. Mas posso contar pelos dedos de uma mão as vezes em que dei uma palmada a cada um dos meus filhos. Agora, a caminho dos 8 anos, parece-me que não vou precisar. Tenho medo é do que me espera daqui por uns 5 anitos. Mas disso falaremos mais tarde :S

P.S. - Atenção, não quero que interprete que lhe estou a dizer que deve dar a palmada quando a fase das birras chegar. Eu é que não consegui escapar a dar a palmada, mas gostaria de ter atravessado as birras sem recorrer a ela. Desejo-lhe felicidades :)
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De Sofia Lopes a 27.06.2014 às 10:43

eu essa "versão" do transe já tinha ouvido falar, e a sua história da palmada na planta do pé não me espanta nada, parece o estalar dos dedos para sair do estado hipnótico :) mas gostava mesmo mesmo era de conseguir tirar o meu bebé desse estado sem recorrer à palmada. lá está, quando lá chegar verei!

e sim, compreendi que não estava a defender a palmada como única via ;)
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De JP a 27.06.2014 às 22:17

Sim, a palmada nunca foi o primeiro recurso. Aliás, como falavam uns comentários atrás, acho que até foi mesmo a Sílvia, a primeira estratégia para acabar com a birra foi sempre retirá-los para outro sítio e abraçá-los, acalmando-os, falando-lhes também com calma. Depois, fazíamos a revisão do que se tinha passado e o que tinha corrido mal. Resultou em 98% das vezes. Nos restantes 2% não. Mas nunca, NUNCA!, lhes disse "és feio/a" ou "não gosto de ti". Acho que uma criança que ouve coisas deste tipo nunca se esquece pela vida fora. Acho que isso seria bem pior do que as poucas palmadas que acabei por lhes dar...

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