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Vamos todos para o divã?

por João Miguel Tavares, em 26.06.14

Quanto mais eu leio os comentários da Maria, da Helena, da Sofia e de tanta gente que tem a simpatia de vir opinar sobre palmadas e boa educação para este blogue, mais sou invadido pela sensação de que nós não estamos a falar dos nossos filhos - estamos a falar de nós próprios e das nossas infâncias. Estamos, de alguma forma, a ajustar contas com o nosso passado, numa espécie de "diz-me o que te fizeram e eu dir-te-ei quem és".

 

Para que não haja equívocos: eu não me estou a pôr fora disso. Não tenho pretensões de pairar acima dos outros. Acho apenas que o sacana do Freud tem razão - está quase tudo lá, na nossa infância, é lá que devemos procurar a justificação para as nossas forças e para as nossas fraquezas, e para tantos dos nossos gestos como pais. Até porque se há livros de pediatria para todos os gostos, é porque a sua função fundamental não é aconselhar-nos a educar os filhos - é serem espelhos de nós próprios, obras especializadas onde vamos procurar argumentos para sustentar as convicções que já temos à partida. 

 

publicado às 10:29


33 comentários

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De Patrícia a 01.07.2014 às 00:37

4. O exemplo dado por ASantos é fantástico, por constituir uma amostra bem clara de algo que os psicólogos chamam de condicionamento - que é o que a palmadita na nalga é - condicionamento. E quanto ao condicionamento, só posso falar-vos da minha perspectiva horizontal - no divã: sofri correcções por castigos físicos 2 vezes na minha infância (e em toda a minha vida, diga-se, para clarificar...) - aos 4 anos levei com o cinto, do meu pai, por ter desobedecido às suas ordens; aos 7 levei 1 ou 2 reguadas (já nem recordo bem), com uma "menina dos 5 olhos" - regua de 50cm de comprido, em madeira, de 1 a 1,5 cm de expessura, bastante rígida e pesada) - da minha professora primária, por não ter feito os TPCs. O primeiro condicionou-me à obediência à figura masculina significativa, que me tem trazido alguns problemas de adaptação na vida adulta; a segunda grageou-me o maravilhoso hábito de fazer os TPCs sempre, e antes de tudo o resto, o que me trouxe muitos sucessos escolares e de aprendizagem durante toda a restante infância e juventude, e cujos benefícios ainda hoje colho...
As conclusões, deixo-as a quem as quiser tirar. Eu só sei que - hoje - evito tanto quanto posso, bater nos meus filhos. Às vezes, tenho mesmo necessidade de os "castigar", mas procuro fazer desses momentos oportunidades de aprendizagem (pelo raciocínio, pela repetição, etc)... ainda que esteja bem consciente de que nenhuma aprendizagem é tão eficaz como aquela que é mediada pela emoção - essa, nunca mais esquecemos, ainda que nem tenhamos consciência de ter aprendido algo num momento esquecido em que alguém "se passou" connosco e nos deu um berro ou uma palmada!!... - Uso-a mesmo com alguma frequência com o meu adolescente, de forma mais ou menos consciente, por me ver impossibilidata de o "chamar à razão", já que em certos momentos, o boom hormonal lhe tolda o bom senso emocional e até o racional em certos assuntos...

Uma palavra final para agradecer ao JMT a criação deste espaço de interacção e aprendizagem, e a tod@s @s participantes do blogue que tanto o enriquecem com as suas partilhas, dúvidas e respostas interactivas.

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